top of page

"Obrigada pelo chá..."

Há algumas semanas Carina, uma jovem adulta, estava dormindo super mal. Ela virava de um lado para o outro a cada dois minutos, mudava o travesseiro de lado, e nada. Tinha alguma coisa errada. Em uma ultima tentativa de seduzir o sono ela levantou para fazer um chá. Quando ela chegou na cozinha ela reparou que o fogão estava apoiado em quatro sapatos de salto, de forma que ele não ficasse equilibrado e sim solto, na iminência de cair. “Eu devo estar sonhando, só pode” ela pensou. Fingiu que não viu, pegou a chaleira, encheu de água a colocou no fogão bambo, e ligou o fogo. Quando ela se virou deu de cara com uma mulher com roupas atípicas, parecia que eram vestidos um por cima do outro, e um casaco marrom que ia até os pés. Ela era tão alta que o rosto de Carina batia na altura da cintura. Ela olhava pra baixo com seu cabelo preto e curto cobrindo parte da sua face.

“AHHHHHH” gritou Carina, “quem é você e o que você está fazendo na minha casa?”

“Eu só queria deixar o fogão mais alto pra ajustar com minha altura, veja bem, sou muito alta…”

“Mas isso não responde nada! Quem é você e o que você faz aqui?!”

“Eu moro aqui, oras” Falou a estranha.

“Como assim!?”

“É…às vezes você acorda no meu horário, mas eu sempre fico na minha quando é sua vez de ficar acordada”

Carina ficou ali parada, ela nem conseguia mais escutar o que a estranha gigante estava falando pois sua voz foi ficando cada vez mais distante e abafada. Ela começou a escutar um grito agudo que cada vez mais alto rompeu a barreira abafada e interrompeu seu olhar fixado no nada. Era a chaleira avisando que a água estava fervendo. Ela chacoalhou a cabeça e olhou pra estranha que terminava sua frase “… então é por isso que às vezes a gente acaba se encontrando”.

“Eu nunca te vi na vida, o que você tá falando?” Retrucou Carina, já sem educação ou paciência para essa alucinação. Pegou a chaleira e colocou água na caneca, onde o sachê de chá já estava esperando.

No dia seguinte ela acordou e enquanto coçava o olho pensou no quão estranho tinha sido aquele sonho. Ela olhou para a mesa ao lado da sua cama e para seu espanto lá estava a caneca de chá. Sem piscar e boquiaberta ela saiu de debaixo das cobertas e se levantou pra pegar a caneca, que agora só tinha um sachê usado. “Que?” Ela pensou “que loucura”. Calçou suas pantufas e foi na cozinha, onde aparentemente estava tudo normal. O fogão estava em seu devido lugar em seu apoio normal, nem sinal de sapatos de salto. “Ufa” pensou aliviada. Carina tomou seu café da manhã e em seguida entrou no banho. Quando estava terminando de se vestir ela abriu a sapateira, e lá estavam eles: dois pares de sapato de tamanho absurdo que ela nunca tinha visto antes. Dentro de um deles uma carta dobrada várias vezes e sem envelope.

“Carina, Obrigada pelo chá”


Posts recentes

Ver tudo

Comments


©2020 por Laura Valadao. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page