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O que passa na cabeça dela?

Era um final de tarde, o sol estava se pondo e quando isso acontece em Brasília o céu fica com nuances lindas de laranja e lilás. Eu estava indo para o cine drive in com uma amiga para pegar a sessão das dezoito quando reparamos um fato super estranho, haviam gotas esparsas de chuva no parabrisa. Claro que isso seria super comum em uma cidade que não tem duas estações bem distintas de seca e chuva, mas Brasília não é essa cidade, aqui nos meses frios, como julho e agosto, não chove, simples assim. Entramos no cinema e encontramos a nossa vaga que, por termos chegado super cedo, foi a vaga literalmente em frente ao telão. As gotas cessaram e com um clique nos limpadores elas sumiram. Eu sintonizei a rádio na frequência do cinema e comecei a pensar. Já estavam acontecendo tantos eventos estranhos, pra começar com a própria pandemia que praticamente parou o mundo todo, em seguida nuvens de gafanhotos e ventos fortíssimos no sul do país. Quando eu olhei pro parabrisa além do telão eu vi ,na distância, um pontinho vermelho. Eu fiquei vidrada e apontei o dedo pro objeto pra ver se minha amiga estava vendo aquilo também. O objeto foi se aproximando, cada vez maior e mais vermelho incandescente. Eu já sentindo a descarga de adrenalina no meu corpo liguei o motor do carro e comecei a dar ré lentamente, eu não ia ficar ali parada. Enquanto eu dava ré não tirei o olho do objeto, que agora mais perto ficava claro que era uma bola de fogo. De reflexo eu pisei no acelerador e terminei minha ré de forma super brusca e foi quando eu bati no carro de trás, e nesse momento eu finalmente olhei para o estacionamento. Todos os carros estavam tentando sair ao mesmo tempo, e como estavam todos em pânico todos estavam se batendo e se esmagando tentando passar o afunilamento para a saída. O céu ficou totalmente escuro e de repente todo e qualquer barulho cessou por um milésimo de segundo. Naquele milésimo silencioso todos olharam para o céu. O reflexo da bola de fogo refletindo na lataria e vidros dos carros, todos os motoristas e passageiros parados se inclinando pra frente pra ver o que os nossos olhos não podiam acreditar. BUM! Um barulho distante e seco promoveu uma onda no asfalto que fez alguns carros, que já estavam em movimento caótico, serem lançados no ar e alguns cairem em cima dos outros. Eu tive um blackout e quando me dei conta já estava fora do carro, correndo com meu coração pulsando na garganta, e eu conseguia ouvir o meu fluxo sanguíneo nos meus ouvidos. Corri sem olhar pra trás. Eu sabia mas não queria acreditar... Era o fim do mundo. Eu corri tanto que já estava sem ar, e finalmente eu resolvi parar e me apoiar nos meus joelhos pra recuperar o fôlego. Foi quando eu ouvi:

“O filme vai começar…” eu fechei os olhos, inspirei uma boa quantia de ar, e quando abri, eu estava ali, na minha vaga em frente ao telão, tudo normal. Não tinha nenhuma bola de fogo, não tinham carros engavetados.Eu dei um sorriso largo e aumentei o volume pro filme.

Sorri sabendo que minha mente é assim, e que por isso raramente fico entediada. É como se eu vivesse em um filme, por vezes de ficção, por vezes romance, mas sempre cheio de emoções.

 
 
 

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