Juventude Eterna

O ano está chegando ao fim, é meus amigos o tempo voa. Eu literalmente pisquei em março e quando abri os olhos me deparei com decoração de Natal na casa dos meus pais, nas ruas, nos shoppings. Esse ano me tirou algumas desculpas que eu usava para não executar planos que eu tinha no papel desde muito tempo, sendo esse site um deles. Não tendo mais como delongar o projeto eu o coloquei em prática, fui atrás, montei o site sozinha e finalmente poderia expor o que eu escrevia e guardava só pra mim.

Um tempo depois que o site estreou me deparei com uma estória que surgiu a partir de três palavras, três palavras que um seguidor me ofereceu para ser a semente de uma trajetória. Esses três elementos me levaram para um gênero que eu amo muito: fantasia. Eu pensei comigo mesma: “quando foi a ultima vez que eu li algo do gênero?” Descobri que, infelizmente, ou não, foi a saga Crepúsculo.

Decidi ir atrás de algo mais atual para ler, já que agora quando eu leio eu observo o estilo, a narrativa, o vocabulário, a intensidade do autor, algo que não fazia quando lia apenas por lazer. No atual momento estou lendo uma saga da autora Sarah J. Maas que se chama Trono de vidro, alguns criticam a falta de criatividade do nome pois lembra muito o nome de uma série amada: Guerra dos Tronos. Mas isso não vem ao caso, o ponto aqui é gênero é repleto de magia, criaturas míticas, reis, rainhas, elfos, e seres imortais. É aqui que eu queria chegar, na imortalidade.

A maioria dos personagens fantásticos, sejam eles vampiros brilhantes, ou elfos poderosos, são imortais em suas formas jovens. Além disso, eles são extremamente bonitos e esbeltos. Eu sei, eu sei, eles são fantásticos Laura…Mas agora que eu sinto os efeitos do tempo sobre meu corpo mortal eu fico um pouco pensativa quando leio alguns personagens.

O leitor de fantasia, romance, e enfim ficção, é um leitor que quer escapar, nem que seja por algumas horas, sua realidade. É um momento de relaxar, de se emocionar, e curtir. Porém como eu vou curtir se eu já me sinto envelhecendo e tudo que me aparece são seres imortalmente jovens e lindos. Mas isso não é fantasia, a arte imita a vida, ou a vida imita a arte?

Modelos que passam dos vinte e tantos já estão praticamente aposentadas, jogadores de futebol, e outras profissões desejadas requerem a juventude como produto. Forever young. Esses dias o lutador mais notório dos tempos dourados do boxe, Mike Tyson, voltou ao ring para uma luta. Não vi quase ninguém falando sobre, e depois quando ouvi os comentários em vídeos do YouTube percebi os narradores chamando os lutadores de velhos. Velhos? O Tyson está com 54 anos, o que tem de velho nisso?

O leitor escapista, então, se depara com seu universo real e o fictício fazendo culto a juventude, no caso corporal e estética, pois os elfos têm mais de cem anos de idade mental em um corpo de vinte. No universo real o desespero para não enrugar, não deixar as experiências de vida se fazerem presentes nas expressões faciais, é real. Todos querem normalizar tudo hoje em dia, aonde estão os que vão normalizar o envelhecer?

A vida acaba depois dos trinta, seria isso? Estou morta, será?

Disclaimer: Reclamando, mas eu amo ler/escrever fantasia com seres eternamente jovens e lindos, talvez esse texto tenha sido pra mim mesma, porém resolvi compartilhar.