Inimigo da felicidade : Tédio
- Laura Valadao

- 6 de ago.
- 2 min de leitura
Sabe quando você tem um dia excepcionalmente normal?Um dia em que você fez tudo o que precisava fazer e ainda conseguiu relaxar com a família no fim da tarde ou jantar juntos?Eu me pego refletindo sobre todos os livros que já li — e, com certeza, um dos que mais mudaram meu jeito de pensar foi Quando Nietzsche chorou. Estou com vontade de reler. Tenho certeza de que agora, com um olhar diferente, ele vai me tocar de outra forma. E desta vez, vou comprá-lo em versão física, pois alguns exemplares merecem estar na estante.
O que mais me chamou atenção — e ficou vagando pela minha mente — foi o conceito de eternal recurrence, ou eterna recorrência.
Em certo ponto do livro, Nietzsche faz um dos personagens refletir e responder:“Se a sua vida se repetisse eternamente, do jeito que ela é — e foi —, com todas as dores e alegrias, como você se sentiria?”
Esse personagem está em um estado obsessivo e desiludido com sua vida pacata e “arranjada”. (Nota: estou me esforçando ao máximo para não dar spoiler, pois essa leitura é mandatory).Os personagens então têm um diálogo incrível, que para mim funcionou como uma sessão de terapia. Fui levada a me responsabilizar por todas as decisões que me trouxeram até aqui. E, sinceramente, se pudesse voltar no tempo, não sei se faria diferente.
O que acontece com o ser humano que o torna tão resistente ao tédio? Telas de todos os tamanhos nos entretêm e liberam dopamina para nos distrair do fato de que o tempo está passando… e nós, muitas vezes, estamos paralisados. Alguns por medo, outros por desânimo ou desesperança.Muitos usam telas — e as vidas alheias nelas exibidas — para se esquecer das próprias, que, em comparação com a vitrine das redes sociais, parecem entediantes.
No livro Hábitos Atômicos, encontrei novamente esse tema: o tédio — esse sentimento que muitas vezes impede a consistência.Consistência essa que é essencial para a construção de um hábito, e o hábito, por sua vez, é fundamental na construção de quem gostaríamos de ser.
A citação que me fez parar a leitura para anotar no celular foi de Maquiavel:
“Os homens desejam novidades a tal ponto que aqueles que estão bem desejam uma mudança tanto quanto aqueles que estão mal.”
Em conclusão — e em reflexão para essa belíssima quarta-feira comum —, é de suma importância encontrarmos paz no tédio de nossas vidas “pacatas”.Caso contrário, a busca incessante por aquilo que nem nós mesmos sabemos o que é se tornará exaustiva — para você, e para aqueles que te amam.




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