Alea jacta est
- Laura Valadao

- 13 de ago.
- 2 min de leitura
No inverno de 49 a.C, à beira do rio Rubicão, um homem parou diante da decisão que mudaria o curso da história. Júlio César então diz algo ao seu exército que ficaria eternizado:
"Alea Jacta Est”
A travessia significava declarar guerra a Roma- uma decisão sem retorno. Júlio César era governador da Gália e quando seu mandado acabou ele deveria dispensar o exército e voltar como cidadão comum, se ele cruzasse o Rubicão com as tropas, romperia a lei e declararia guerra ao Senado.
Nessa guerra entre César e Pompeu, César venceu.
Quando meu pai me contou essa história ele traduziu do latim Alea Jacta Est como “a sorte está lançada” e em uma pesquisa mais recente traduziu a palavra ALEA como “dado de jogo” portanto a frase literal seria “o dado está lançado”.
A palavra aleatório vem daí, ela era relacionada ao jogo de dados e passou a designar aquilo que é decido pela sorte, imprevisível.
Na vida quando tomamos decisões importantes nós não sabemos qual será o desfecho. César estava dizendo que, a partir dali, o destino estava nas mãos da sorte, ou seja ele fez a escolha mas não controlava o resultado.
Quantas vezes evitamos tomar decisões importantes porque temos medo da falta de controle? Tenho pra mim que a falta de controle é a origem de toda a ansiedade do mundo. É genérico? Sim, mas pense bem, pessoas ansiosas tem pensamentos demais, pensamentos e projeções de milhões de diferentes cenários para um pequeno problema, que se torna grande pois vem com essa carga de “overthinking”.
Dizer um simples “não” para um convite de alguém querido se torna algo gigantesco “se eu não for ela vai achar que eu não gosto dela”, “se eu não for vão me achar anti social” etc. Isso em uma escala pequena, do dia a dia. Agora imagine isso para decisões como trocar de emprego, sair de um relacionamento, empreender, mudar de cidade…É, aí a árvore de projeções de cenários dá até uma “bugada" no sistema e geralmente nos paralisa. O medo do desconhecido.
Não é apenas sobre azar ou sorte, mas sobre assumir o risco após uma decisão irreversível, atravessar o Rubicão é uma metáfora para coragem, compromisso e aceitação das consequências, afinal das contas, onde estamos hoje é resultado de todas as decisões que já tomamos.
O controle é ilusão, não controlamos nada externo a nós mesmos como já diziam os estoicos. O que nos resta é ter coragem de lançar os dados e confiar. Termino a coluna de hoje com outra frase em Latim que carrego comigo, “fortes fortuna adiuvat” - a sorte favorece os corajosos.




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